Escola da Vida

"Quando me pego olhando meus cadernos vazios, eu me arrependo de ter faltado tantas aulas na escola e de ter sido um aluno tão relapso. Sempre o fui, e talvez tenha sido por gazear as aulas mais importantes da minha vida, que eu estou onde cheguei.
Desconheço a química que ocorre entre os apaixonados. Não consigo interpretar a poesia codificada nas entrelinhas de um sorriso e de gestos. A inexplicável atração entre os dois corpos que ocupam o mesmo espaço (como a física explicava mesmo?). Perdi da memória quantas batidas por minuto pulsam quando alguém segura a sua mão, a temperatura de desnaturação das moléculas do corpo quando os lábios dela tocam os seus, e os hormônios que fluem pela corrente sangüínea. As fórmulas matemáticas que provam que ele mais ela serão um só, mas que eu mais qualquer um dará uma resultante nula. Minha história está distorcida cronologicamente, e não sei mais quem é o Rei da minha vida, tampouco sei o sistema político travado entre meu cérebro e meu coração. Está fora do meu alcance a compreensão da inexorável geografia que põe continentes e climas desfavoráveis entre eu e meu futuro etc.
Na escola da vida, eu sempre passei raspando. Mas a minha hora de estudo acabou, e é hora de viver com o que eu aprendi. De rascunho em rascunho, vou refazendo a brancura dos exercícios imaculados. Os dedos tocando as páginas virgens do futuro, a borracha apagando as memórias do passado (as quais nunca existiram) e o lápis, trêmulo de medo, insegurança e arrependimento, tentando rabiscar no presente uma vida ainda não experimentada.
Escrevo uma página, duas páginas, 16 anos, mas eu já não sei mais sobre pontuação (a aula de Gramática que eu matei, com a esperança de encontrar esperança fora da escola). Onde eu ponho o ponto final da minha vida? É cedo demais para fazer uma exclamação, diante dos mistérios que serão deslumbrados? Será que devem restar interrogações nos meus pensamentos?
Se meus conhecimentos sobre a vida são nulos, só me resta a filosofia para tentar descobrir (e, espero eu, achar) qual será a minha profissão no Universo. Se um dia eu terei respostas para isso, eu não sei, mas tomara que, até lá, eu tenha aprendido a viver, para que no dia em que a minha curta experiência de ser um ser vivente acabar, eu possa descansar em paz, com um curriculum vitae bem preenchido."



(Não, isto não reflete muito exatamente a minha vida. Eu escrevi num puro momento de bebice emocional, e eu achei que deveria ser publicado aqui.
E não no meu diário/agenda do pequeno principe. E sim, tenho uma agenda do Pequeno Príncipe, dada pela minha namorada. Algum problema?

u.u minhas férias estão sendo um semi-cu... mas eu mandei muito bem no THE, e eu espero ser o novo arquiteto da UFF. (y) Será?)